«Na passada sexta-feira os correspondentes do Wall Street Journal em Bruxelas entraram em contacto com o gabinete de Jean-Claude Juncker, o luxemburguês que preside às reuniões dos ministros das Finanças dos países do euro, para confirmar a realização, nessa noite, de uma reunião de emrgência por causa da crise grega. Guy Schuller, porta-voz do presidente do eurogrupo, respondeu taxativamente: não estava prevista nenhuma reunião, ao contrário do que noticiara a revista alemã Der Spiegel. Porém a reunião não só estava marcada como se realizou nessa mesma noite. Depois deste episódio, Schuller contactou os jornalistas para os informar que lhe tinham pedido para dizer que não havia reunião. Ou seja, que lhe tinham pedido para mentir.
Este comportamento não surpreende. Em Abril, o próprio Juncker disse, numa conferência, que "quando as coisas começam a ficar sérias, tenho de mentir". Ou seja, assumiu que, nesta crise financeira, o comportamento habitual das autoridades europeias é mentir. Alegadamente para não "alimentar a especulação dos mercados financeiros". Mesmo assim, apesar de achar natural mentir, Juncker (e a generalidade da eurocracia) surpreende-se porque ninguém, nos mercados, "parece acreditar no que dizemos". Eu não me surpreendo. Só me surpreendo por tantos "europeístas" quererem transferir ainda mais poderes para este tipo de dirigentes.»
José Manuel Fernandes
"Público", 13.5.2011
Sem comentários:
Enviar um comentário